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*Aisllan Diego

Depois de quatro anos de silêncio – evidentemente lembrando dos “trava-línguas” recentes – sussurros e burburinhos viraram discurso. Na emancipação que o trabalho, ensurdecedor e manicômico, promovia nos habitantes da Costa do Barbado um silêncio que dizia tudo e mais um pouco: O tudo que se queria e na oportunidade certa se cobraria, o mais referenciando o sonho delirante de um pesquisador maluco, e o pouco, como pouco, que acabaria com o silêncio.

Nesta ilha de mudos, pero não surdos, a língua travava. Compreender o que se dizia não é tarefa fácil. O silêncio, impeditivo e auditivo, não é fisicamente um espaço de propagação, propaganda, programa. Como numa sopa de letrinhas: qualquer um encontra o enredo do outro, só que com outras letras.

Lembrando a emancipação, doada de mal grado pelo trabalho, porque não lembrar, silenciosamente para não acordar ninguém, que livros e computadores custam caro, custam dinheiro, e dinheiro, custa ganhar. Não é de esquecer que com a emancipação viria a dura missão emancipatória: a auto-sustentação sadista. Facilmente se entende o motivo do silêncio: trabalhar mais, para ganhar mais, para auto-sustentar nosso sadismo.

Por mais contraditório que se possa ser esse “ambiente” se mudou. O silêncio mudou para cá, e o “meio” que buscaríamos para viver, virou inteiro. A UFMT ficou muda.

De todo, o silêncio não ensurdece completamente, quando se volta para casa de uma festa badalada fica aquele zumbido lembrando que você ainda ouve, menos agora talvez, mas ouve. No silêncio também se planta, se colhe e se come, e o trabalho agora se mostra, sádico como gostamos, e lúdico, as cores garantem o delírio. E com um zumbido na cabeça é impossível garantir o silêncio: pelo menos os “ais” ouviremos em fim.

Se a UFMT é muda uma esperança há, não de fato, mas de hipótese. Quando se planta uma mudinha uma esperança hipotética nos alimenta o sonho de ouvir, um dia de fato, o estrondo de seus galhos flamejando ao vento, esquentados pelo sol, estalando suas mamonas, e derrubando no solo, seu eterno dono, o alimento esperado. Temos pelo menos uma garantia desse silencio besta: um dia mudo, me mudo.

A mudança da UFMT se abala, mesmo muda, a mudinha balança, e onde há movimento, certamente, se já não há, haverá barulho. Um zumbido que grita para mudos: “a poesia quando chega não respeita ninguém”. Surpreender-se agora é uma questão de bom senso e de bom humor: o primeiro lembrando que haverá surpresas e o segundo garantindo as gargalhadas barulhentas.

Feliz mudança a todos!

*Aisllan Diego é estudante de Enfermagem e borboleta do Movimento Panamby.

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